A parceria entre o Brasil e a China na construção de um novo paradigma de desenvolvimento e no enfrentamento das questões climáticas foi destacada pelos participantes de sessão solene nesta quinta-feira (15), no Congresso Nacional. A sessão foi convocada para lembrar o Dia Nacional da Imigração Chinesa, comemorado nesta quinta-feira (15), e também o cinquentenário das relações diplomáticas entre Brasil e China, iniciadas em 1974.
A solenidade atende a requerimento ( REQ 11/2024-Mesa) apresentado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e pelos deputados federais Fausto Pinato (PP-SP) e Daniel Almeida (PCdoB-BA). Durante a sessão, o senador, presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China , disse que é possível vislumbrar um futuro de oportunidades entre os dois países, com colaboração em laboratórios de ponta e o desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios globais.
— Visualizemos nossas cidades conectadas por tecnologias avançadas, nossas indústrias liderando a revolução verde e nossos jovens explorando nossas fronteiras de conhecimento e entendimento mútuo. Nossa parceria em sustentabilidade é mais do que uma responsabilidade, é uma oportunidade de ajudar a construir um futuro mais equilibrado e saudável. Brasil e China juntos podem ser protagonistas de um novo paradigma de desenvolvimento que prioriza o bem-estar do planeta e de seus habitantes — disse Nelsinho Trad.
Logo no início da sessão, após a execução dos hinos nacionais dos dois países, os participantes assistiram a um vídeo institucional produzido pela Embaixada da China sobre a parceria com o Brasil. As relações diplomáticas entre Brasil e China foram estabelecidas em 1974, quando foram abertas as embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília.
O vídeo relembrou a história da diplomacia entre os dois países e destacou que a China tem sido o maior parceiro comercial, o maior mercado de exportação e a principal fonte de superávit comercial do Brasil nos últimos 15 anos. Ainda segundo o vídeo, o Brasil é o primeiro país latino-americano a exportar mais de US$ 100 bilhões ao ano para a China e o seu maior parceiro comercial na região.
— Juntos, trabalhamos pela ampliação histórica do mecanismo do Brics e promovemos a solidariedade e a cooperação entre os países do Sul Global. Fiéis ao princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas", estamos empenhados em promover a governança climática global e a transição energética. A China apoia ativamente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa liderada pelo Brasil. A relação sino-brasileira, ao ultrapassar o âmbito bilateral, exerce uma influência estratégica e global cada vez mais significativa — disse o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, afirmou que o modelo chinês na área impressiona. Desde 2020, disse a ministra, a China é o país que mais produz conhecimento no mundo, de acordo com os principais rankings de publicação científica. O Brasil ocupa o 13º lugar como produtor de ciência e tecnologia.
— É também a China, há muitos anos, o país que mais deposita patentes, um indício de sua liderança no processo inovador. A sua aposta no modelo de desenvolvimento intensivo em tecnologia e inovação e de forma verde e sustentável para a modernização econômica é o caminho que está sendo aplicado aqui no governo do presidente Lula — disse a ministra.
Na visão de Luciana Santos, os parceiros chineses são mais dispostos a desenvolver conjuntamente produtos e serviços de tecnologia avançada e a compartilhar os altos riscos envolvidos nesses empreendimentos. Como exemplo, ela citou a colaboração na área espacial, desde o início da década de 1980. A ministra disse esperar uma nova fase na colaboração em tecnologia de ponta em áreas emergente, inteligência artificial, tecnologias quânticas, supercomputação e semicondutores.
Para o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, a confiança marca as relações entre os dois países. A China, disse o embaixador, sabe que pode confiar no Brasil, fornecedor-chave de alimentos e de outros produtos estratégicos. O Brasil, por sua vez, sabe que pode confiar na China como grande parceiro estável e previsível no comércio, nos investimentos e na cooperação nas mais diversas áreas.
— Essa convergência na diversidade, o diálogo permanente, a expressão clara dos interesses e singularidades de parte a parte e o respeito mútuo entre nossos governos nos permitiram consolidar essa que tem sido a marca de nossas relações, que é a confiança. Essa confiança deve manter-se como marca de nossas relações também nesse futuro cuja construção nós estamos recomeçando hoje.
Durante a solenidade, o embaixador da China afirmou que o Brasil se destaca como um dos primeiros países da América Latina a estabelecer um mecanismo de intercâmbio parlamentar com a China. No ano passado, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e mais de 20 parlamentares visitaram a China como parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— O Congresso Nacional do Brasil desempenha um papel fundamental na promoção das relações bilaterais. Esperamos que os Parlamentares continuem a contribuir ativamente para fortalecer o diálogo e a cooperação entre nossos órgãos legislativos e partidos políticos. Devemos também promover o intercâmbio cultural. Ao fortalecer o entendimento mútuo e os laços de amizade entre nossos povos, consolidaremos o apoio popular e as bases sociais da amizade.
Para o deputado Fausto Pinato, o aniversário das relações entre os dois países é oportunidade para reforçar o compromisso com o futuro, sem interferência de ideologias partidárias.
— A relação Brasil-China é uma aliança estratégica que tem moldado positivamente nossas economias e sociedades. Que possamos continuar a trilhar um caminho de crescimento mútuo e aprendizado — disse o deputado.
Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, em atividade desde 1993, o deputado Daniel Almeida afirmou que há um esforço cada vez maior de aproximação e cooperação com a China no Legislativo brasileiro. Ele convidou os presentes para a exposiçãoLaços: Belo Brasil, Bela China, no Salão Negro do Congresso Nacional, e para a apresentação da Academia de Dança de Pequim, ao final da sessão.
Durante a sessão solene, foram lançados uma medalha e um selo comemorativos dos 50 anos das relações entre os dois países. O lançamento foi feito pelo superintendente comercial da Casa da Moeda, Leonardo Alves da Silva, e pelo diretor de Negócios dos Correios, Sandro Alexandre Almeida.
Também se pronunciaram na sessão o presidente do Instituto Sociocultural Brasil-China, Thomas Law, e o deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ).