Saúde Piauí
Paciente com sangue raro recebe transfusão graças a doadores localizados pelo Hemopi
O sistema ABO foi descoberto no início do século XX, pelo biólogo austríaco Karl Landsteiner e até hoje é usado em todo o mundo para classificação ...
21/05/2025 17h23
Por: admin Fonte: Secom Piauí

O sistema ABO foi descoberto no início do século XX, pelo biólogo austríaco Karl Landsteiner e até hoje é usado em todo o mundo para classificação sanguínea. Mas ele não é o único sistema utilizado para classificar o sangue. Segundo a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT) existem, atualmente, 47 sistemas que descrevem mais de 360 antígenos diferentes e esse número não é definitivo. Entre os antígenos já conhecidos, alguns são extremamente raros.

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Recentemente, um paciente internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) que passou por uma amputação de membros, precisou de transfusão de sangue. O protocolo exige que junto com a solicitação de transfusão seja enviada uma amostra para a realização de exames que comprovem o tipo sanguíneo do paciente, chamado de identificação de anticorpos e prova de compatibilidade com outros soros raros. E foi no momento da análise da amostra que a equipe do Laboratório de Imuno-Hematologia do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) percebeu que o tipo sanguíneo do paciente tinha uma especificidade e poderia ser raro.

Foto: Reprodução/Secom Piauí
Foto: Ascom Hemopi

“O paciente possui um anticorpo raríssimo, conhecido como Anti-Gerbich 2, que é mais incidente na população que habita a região da Oceania, entre o extremo oeste do Oceano Pacífico e o nordeste da Austrália. A frequência de encontrar um doador é de 0.01 a 1% na população geral”, explica o supervisor do laboratório, Pedro Afonso Sousa.

O Hemopi possui um Laboratório de Fenotipagem que ajuda a encontrar tanto doadores quanto receptores com fenótipos raros. Inaugurado em 2011, o Laboratório conta atualmente com cerca de seis mil doadores cadastrados.

Pedro Afonso Sousa conta que foram realizadas duas doações para o paciente. “Ao detectar o fenótipo raro fomos em busca de doadores compatíveis em nosso banco de dados. Achamos sete doadores tipo Gerbich 2 negativo, mas somente dois conseguiram efetivar a doação, sendo um de Teresina e outro da cidade de Miguel Alves. A pesquisa de doadores raros é uma prática pouco realizada no país e o Hemopi é um dos hemocentros que possui esse serviço de fenotipagem. Nosso objetivo é encontrar essas raridades e garantir a segurança transfusional. É um trabalho minucioso que ajuda a salvar pacientes dentro e fora do estado”, explica o supervisor.

Foto: Reprodução/Secom Piauí
Foto: Ascom Hemopi

Fenotipagem é uma técnica de imunohematologia utilizada para identificar a presença ou ausência de determinado sistema de grupo sanguíneo. “Aqui no Hemopi a fenotipagem é feita em um percentual de doadores de sangue, em torno de 10% do total mensal, e em alguns pacientes com patologia específica”, esclarece Pedro Afonso Sousa.

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Foto: Ascom Hemopi