A média móvel de óbitos por covid-19 em sete dias segue uma trajetória consistente de queda e se encontra no menor patamar da pandemia há cerca de 20 dias, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Ontem (28), a média caiu para um patamar abaixo de 50 vítimas por dia pela primeira vez desde 4 de abril de 2020, ano em que o coronavírus se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil.
No último dia 10 de setembro, o número médio de óbitos por dia chegou a 71, a menor mortalidade até então. Depois disso, a média continuou a cair, com a exceção dos dias 17, 18 e 19 de setembro.
Nesta semana, o patamar diário chegou a menos de 60 óbitos pela primeira vez, com uma média de 58 vítimas, no dia 26; 51, anteontem (27); e 46, ontem (28).
O pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz Diego Xavier avalia os dados com otimismo e destaca que a tendência de queda nas mortes e internações observada desde a segunda quinzena de julho está se confirmando.
Ele explica que o alto percentual de vacinados somado ao grande número de pessoas já expostas ao coronavírus formou um grande contingente de pessoas com imunidade híbrida à doença.
"O cenário que a gente tem é bastante otimista, principalmente graças à vacinação", afirma ele, que pede que haja mais celeridade na imunização das crianças menores de 3 anos, cuja vacinação já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 16 de setembro.
"A gente está com uma cobertura vacinal bastante expressiva, mas a gente precisa avançar principalmente nas crianças menores. Isso acaba botando em risco essa população frente a outras populações que já estão imunizadas".
Um estudo divulgado ontem pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) da Fiocruz mostra que as crianças menores de 5 anos já superam os idosos em números de internações. Até 23 de setembro, somente 2,5% da população com essa faixa etária havia recebido a vacina, e, segundo o Vacinômetro do Ministério da Saúde, o número de doses aplicadas nessas crianças não chega a 1 milhão.
Diego Xavier acredita que a situação mais confortável vivida hoje na pandemia deve servir de oportunidade para revisar protocolos, elaborar estratégias e se preparar para outras emergências que podem acontecer.
"Em 2020, em torno de novembro, a gente teve uma diminuição bastante expressiva de casos e de óbitos. Depois, com a entrada de uma nova variante, a gente acabou tendo problemas. Esse é um risco que a gente corre, mas, ao que tudo indica, a gente não tem ainda uma variante de preocupação que leve a gente a esse cenário".