Os conflitos no ambiente escolar requerem estratégias pedagógicas diversas e um mapeamento de rede protetiva eficaz na resolução de problemas. Os exemplos positivos na mediação de conflitos e novos modelos de atuação são pautas da Formação para Equipes Multiprofissionais da rede estadual de ensino do Piauí. Com o tema “Diálogos sobre educação e a prática profissional: desafios e possibilidades”, a formação, que ocorre de 07 a 09 de dezembro, tem como público-alvo as equipes multiprofissionais da Gerências Regionais de Educação.
O secretário Estadual da Educação, Ellen Gera, destacou o papel prioritário dos profissionais presentes na formação para replicar ideias no cuidado com a saúde emocional e bem-estar da comunidade educacional.
“Muitas vezes pensamos na escola apenas com o currículo, mas na escola tratamos de desenvolvimento humano. Então, precisamos cuidar das pessoas. Ao longo do processo identificamos que era necessário a presença de psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, ou seja, da formação de equipes que pudessem trazer metodologias e ciências para dentro da rede e que toque em pautas que vão além da dimensão da área de licenciatura específica. Precisamos lidar com temas complexos, fizemos a composição das GREs e temos hoje um pilar estratégico para enfrentar as situações, mediar os conflitos e permitir que a escola tenha o clima escolar adequado ao processo de ensino e aprendizagem”, afirmou.
As equipes participantes do encontro são formadas por 113 profissionais nas áreas da Psicologia, Assistência Social e Psicopedagogia, que constroem estratégias para enfrentar o bullying, a violência, a depressão e os conflitos no interior da escola.
Para a diretora da Unidade de Gestão e Inspeção da Seduc, Ana Rejane, a formação proposta pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) irá fortalecer a autonomia da escola, empoderando-a a mediar conflitos.
“Nós tivemos um primeiro momento de formação com as equipes multiprofissionais que agora estão replicando o processo de formação junto aos comitês de cada escola e o grande desafio para o ano de 2023 é consolidar esse trabalho. Nós queremos empoderar a escola para que ela tome conhecimento do que afeta o clima escolar e consiga, de fato, ser capaz de identificar conflitos, mediar situações e, ao mesmo tempo, ajudar no processo de articulação da rede protetiva”, informou.
Clima Escolar e compartilhamento de práticas
Adriana Gonçalves Oliveira, coordenadora de Mediação de Conflitos e Clima Escolar da Seduc, destaca que a programação foi constituída em diversas frentes a serem implementadas no próximo ano.
“A programação envolve as parcerias com a Coordenadoria da Juventude e Justiça restaurativa, relatos de práticas exitosas no atendimento de vulnerabilidades e os procedimentos que devem ser conduzidos diante destas demandas para que se retome o clima escolar. Pensamos trazer as temáticas trabalhadas ao longo do ano que são as vulnerabilidades e fazer com que as equipes tenham mais entendimento da necessidade deste profissional junto à comunidade escolar”, ressaltou.
Paulo Cesar de Moura Luz, psicólogo da 9ª Gerência Regional de Educação (GRE), sediada no município de Picos, está na formação e compartilhou a experiência de trabalho desde o atendimento clínico à conscientização do fortalecimento de ações nas escolas. “Chegamos à 9ª GRE em 2021 com uma equipe totalmente nova. Tivemos o suporte da UGIE com as técnicas de referência, seminários e formações da equipe multiprofissional para entender qual o contexto das escolas e as situações de intervenção proativa. A priori recorremos ao atendimento clínico e, na sequência, conscientizamos trabalhos com promoção da saúde mental na escola, a mediação de conflito, busca ativa, com apoio do Ministério Público e a criação da rede protetiva para resolução exequível”, comentou.
O psicólogo destaca que o trabalho estratégico tem produzido efeito positivo. “Notamos uma conquista com algumas escolas, pois nós damos o total suporte e, em alguns casos, os gestores já conduziram as distintas demandas com a autonomia para resolução dos conflitos no âmbito escolar e, também, envolvendo os diferentes atores da rede protetiva”, afirmou Paulo César.