Centenas de pessoas compareceram, nesta quarta-feira (10), ao Museu do Piauí - Casa de Odilon Nunes, no centro de Teresina, onde prestigiaram a roda de conversa sobre hanseníase e a exposição coletiva de artes visuais intitulada “Rede que ventila-dor: ciência e arte em prol da sensibilização e mobilização das pessoas acerca da hanseníase”. As atividades se estenderão até o dia 20 de janeiro, em alusão ao Janeiro Roxo, campanha nacional de prevenção e combate da hanseníase. Pelo menos três salas do Museu do Piauí foram disponibilizadas para os artistas apresentarem 73 pinturas sobre esse tema para o público.
Nessa exposição o público tem acesso a quadros produzidos no Centro Maria Imaculada da Arquidiocese de Teresina por pessoas atingidas pela hanseníase. Esses artistas participaram de oficinas realizadas pelo Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN) para em seguida produzirem os quadros.
A diretora do Museu do Piauí, Dora Medeiros, declarou que essa exposição pode contribuir para a redução do preconceito com a hanseníase. "Essa exposição é muito importante porque une ciência à arte e faz com que as pessoas reflitam e sejam mais atenciosas com esse agravo da doença e não sejam preconceituosas", frisa a gestora.
Ela destacou que existe um tratamento para as pessoas atingidas pela hanseníase e que elas precisam também de amor, de carinho e atenção. "O Museu do Piauí ofereceu espaço da Galeria de Artes para abrir o ano de 2024 com essa belíssima exposição, que é uma campanha nacional, do Janeiro Roxo, que trata exatamente dessa questão que é tão importante", destaca a diretora.
Dora Medeiros afirmou que o Museu do Piauí sempre tem um tema para debater, não só questão museológica. "Este ano, por exemplo, até o mês de setembro, nós já estamos com a galeria lotada de agendas para exposição de vários temas", conta.
O artista visual e professor da Universidade Federal do Piauí, Fábio Solon Tajra, que é supervisor da Plataforma Multidisciplinar de Políticas de Saúde do CIATEN, disse que está ocorrendo uma campanha nacional, que é o Janeiro Roxo, uma alusão à prevenção e controle da hanseníase, uma doença negligenciada e endêmica na região. "Existe um estigma por trás disso e a gente está tentando superar esse olhar da sociedade. Nesse mês de janeiro, estamos tentando aproximar essa temática da saúde da população em geral", destaca.
Fábio Solon explicou que a hanseníase envolve muitas perdas, tem uma fase da doença que se não for identificada precocemente envolve a perda da matéria. Nesta exposição, as pessoas se permitiram representar por meio dos quadros, mesmo com essa condição de saúde e algumas delas abandonaram os pincéis e pintaram com as mãos e isso é muito simbólico, há o reconhecimento do potencial dessas pessoas, de produção, expressão e representação. Em cada sala tem a foto da pessoa e o resumo da sua obra.
Paulo Rodrigues, vice-coordenador do Mohan Piauí, declarou que esse movimento foi atrás de parcerias para que essa atividade de produção de telas pudesse acontecer de verdade, a questão dos materiais que são utilizados, porque os protagonistas já estavam esperando momentos como esse. "Então tentamos proporcionar o máximo que a gente pode com atividades diversas, onde os pacientes possam demonstrar cada vez mais tudo aquilo que eles têm guardado dentro deles, seja de positivo ou até negativo e transformar isso em arte", pontua Rodrigues. Ele enfatizou que através dessa exposição, os pacientes podem se abrir mais para o mundo, entender que são indivíduos que estão aqui junto com todos e que são todos iguais.
O estudante do Curso de Medicina da UFPI, Davi Kauan, 22 anos, também tem pinturas apresentadas nessa exposição. Ele teve contato direto com as pessoas acometidas pela hanseníase, ficou sensibilizado com a temática e pintou 14 quadros que estão em uma das salas de exposição do Museu do Piauí, através dos quais revela o dia-a-dia desses pacientes. Em outra sala do museu estão 22 quadros pintados pelo professor e artista visual Fábio Solon.
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