Descarte-se, porque seria fazer o jogo dele e dos golpistas que o apoiam, a hipótese de o presidente Jair Bolsonaro ser considerado inelegível pela Justiça, tanto foram os crimes que cometeu, ficando assim impedido de disputar as eleições do ano que vem.
De resto, para isso, ele precisa ser denunciado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e a Câmara, sob o comando de Arthur Lira (PP-AL), conceder licença. Aras e Lira são aliados de Bolsonaro. Sem denúncia, a licença torna-se dispensável.
Dê-se por certo que daqui a 14 meses, a não ser que ele mesmo desista de concorrer, o nome de Bolsonaro estará nas urnas eletrônicas e caberá ao eleitor assinalá-lo ou não. Caso ele perca, aí, sim, é que as portas do inferno poderão se abrir.
É com o medo que Bolsonaro joga para se reeleger. Acena com o medo que representaria a eleição de um candidato de esquerda, e com o medo do suposto levante popular que aconteceria em seu favor a partir do momento que se recusasse a aceitar a derrota.
Bolsonaro elegeu-se prometendo destruir o que chama de “sistema” para só mais tarde construir outro. Como nunca disse o que entende por “sistema”, é razoável presumir que se trata do regime democrático tal qual o conhecemos.
O que autoriza a conclusão é o seu comportamento. Qual será seu legado ao fim do mandato de quatro anos? Onde o país avançou? E não se jogue a culpa na pandemia que ele não soube ou não quis enfrentar. Nem no Congresso que não lhe fez oposição.
O legado notável do período de Bolsonaro é o enfraquecimento da democracia. Ele passará à história por isso. Se o Brasil era um país social e economicamente desigual antes dele, em nada melhorou. Mas a democracia não estava em questão e agora está.