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Trabalhador perde 90% da renda na pandemia

Pintor Marcelo do Carmo viu o casamento acabar junto com o dinheiro e agora depende de ajuda de amigos

28/09/2020 às 07h31
Por: admin Fonte: Conteúdo Estadão
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Pessoas caminham em rua comercial de São Paulo em meio à pandemia de Covid-19 15/07/2020 REUTERS/Amanda Perobelli Foto: Reuters
Pessoas caminham em rua comercial de São Paulo em meio à pandemia de Covid-19 15/07/2020 REUTERS/Amanda Perobelli Foto: Reuters

O carioca Marcelo do Carmo, de 46 anos, nem consegue disfarçar a emoção ao fazer um balanço dos últimos seis meses, desde que a pandemia da covid-19 fez a primeira vítima no Brasil.

Graduado em gestão hospitalar, porém sem exercer a profissão, ele trabalhou nos últimos anos como pintor de casas em uma empresa de reformas ou, então, fazendo serviços por conta própria. Ele morava de aluguel com a esposa e a filha adolescente em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, e as contas estavam sempre sob controle. Até que o novo coronavírus fez os clientes sumirem e a vida virou pelo avesso.

Mesmo com o diploma de ensino superior, ele não conseguiu um emprego novo.

"De uma hora para outra, tive uma queda de 90% da renda. Começamos a atrasar o aluguel, até que o senhorio pediu a casa de volta. O casamento acabou junto com o dinheiro. Minha esposa voltou para a casa dos pais, em outra cidade, e levou a minha filha. Não nos vemos há quase dois meses."

Sem conseguir se sustentar, ele acabou precisando morar em um quarto nos fundos de um galpão e, agora, conta com a ajuda de amigos para fazer bicos como pintor e tenta juntar dinheiro para alugar uma nova casa.

"Eu acabei caindo em uma espécie de fosso. Minha renda dos últimos anos era alta demais para receber algum auxílio e os serviços de pintura não voltaram. Às vezes, parece que a gente ficou invisível", conta ele.

Tentando não desanimar, Carmo agora tenta recomeçar. "Era de uma família de classe média e as coisas pioraram subitamente. Caí na pobreza extrema, pois tudo mudou e não pude manter o padrão de vida que tinha. Mas ainda acredito em um recomeço."

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