O trecho da PI-392, por onde passa 60% da produção de grãos do agronegócio do Piauí, está sendo recuperado desde a última sexta-feira (16) pelos próprios produtores da região. Diante da urgência da necessidade de tornar o trecho trafegável para o recebimento dos insumos da safra 2020/2021, os agricultores perceberam que não poderiam esperar pelas ações do DER-PI (Departamento de Estradas de Rodagem). Para tornar o trecho que rompeu, na última segunda-feira (12), trafegável novamente estão sendo investidos cerca de R$ 300 mil por parte dos próprios produtores.
“O agronegócio do Piauí terá um crescimento na sua área plantada entre 7% a 10%. Estamos preparando o solo em véspera de plantio, as empresas transportadoras se negam a trazer insumos, tudo fica mais caro, como é o caso das mineradoras de calcário porque o trecho mais uma vez ficou intrafegável na primeira chuva. O preparo da terra não pode esperar a burocracia do poder público em resolver questões como esta. É um problema antigo que vivemos e nunca se resolve”, lembra Moyses Barjud, do Sindicato dos Produtores de Rural de Bom Jesus.
A PI-392 é um importante entroncamento por onde passa a produção de grãos das regiões de Uruçuí, Baixa Grande do Ribeiro e Bom Jesus até chegar no Maranhão pela cidade de Tasso Fragoso onde segue para o porto de Itaqui em São Luís. Vários trecos da estrada se tornam intrafegáveis no período das chuvas e este ano a primeira chuva pegou os produtores exatamente na semana de início do plantio.
Em toneladas, segundo dados da Associação dos Produtores de Soja, a expectativa de produção no cerrado do Piauí é de mais de 2,5 milhões e cerca de 73% desta produção já foi vendida, por isso os produtores não podem arriscar ter prejuízos e gerar prejuízos para a e economia do estado esperando as melhorias das estradas. Apesar do Governo do Estado ter divulgado nota afirmado que iria enviar equipes para a recuperação do trecho.
“Os custos são muito maiores para a iniciativa privada e o detalhe é que a falta de confiança é tão grande que eles estão dispostos a arcar com estes custos para não comprometerem a safra que está num momento crucial”, analisa o economista Fernando Galvão.
Segundo Galvão a economia toda funciona com base em expectativas, seja dos consumidores, seja das empresas, o Governo tem suas expectativas e os empresários também e principalmente a agricultura. A confiança, segundo ele é um ativo muito importante da economia sendo fator gerador de efeitos positivos. “Isto se reflete na economia como um todo não é só no agronegócio”, afirma.
Ele acrescenta que é um ponto muito ruim para a economia quando não existe confiança e essa atitude dos produtores acaba falando também para outros investidores, mas que o momento está positivo para o agronegócio e os produtores entendem que é arriscado esperar e que poderão recuperar seus custos no futuro.