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Bolsonaro demite Mandetta da Saúde em meio à pandemia

Pressão da "ala ideológica" e insistência do ministro em seguir orientações da OMS irritaram o presidente

16/04/2020 às 16h23
Por: admin Fonte: Terra
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Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva em Brasília 03/04/2020 REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva em Brasília 03/04/2020 REUTERS/Adriano Machado

Apesar do trabalho aprovado por 76% da população, de acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, durante a crise do coravírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido nesta quinta-feira (16) pelo presidente Jair Bolsonaro. O próprio ministro confirmou a informação através do Twitter. "Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros", escreveu Mandetta. A exoneração ainda não foi publicada no Diário Oficial da União

Mandetta começou a incomodar Bolsonaro desde o início da epidemia do novo coronavírus no Brasil. De acordo com interlocutores do Planalto, o presidente se incomodou com o fato de o chefe da pasta da Saúde estar "tomando seu protagonismo". No entanto, o grande racha entre os dois aconteceu após Bolsonaro ignorar as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e clamar pela "volta à normalidade" em um pronunciamento oficial. A gota d'água também teria sido a entrevista de Mandetta ao Fantástico no último domingo (12) em que defendeu uma "fala única" do governo. Desde o início da crise, o presidente brasileiro defendia o fim do isolamento e argumenta que as consequências na economia por conta da paralisação seriam ainda mais graves que as da pandemia.

Por diversas vezes, o capitão da reserva fez questão de minimizar a doença, chamando a covid-19 de "gripezinha" e culpando a imprensa por uma suposta "histeria" em torno do tema. A crise ainda agravou ainda mais a relação do governo com os governadores de Estado, em especial João Doria, de São Paulo, e Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, antigos aliados de Bolsonaro.

Entre alguns recuos, o presidente brasileiro acabou mantendo sua posição, indo na contramão do resto do mundo, incluindo de líderes de direita, como o norte-americano Donald Trump e o britânico Boris Johnson, que reconheceram os perigos da pandemia. Mandetta também chegou a recuar, criticando a imprensa e dizendo que alguns governadores estariam "exagerando" com os decretos de quarentena. No entanto, acabou ficando do que chamou de "lado da ciência" e defendeu as quarentenas, irritando ainda mais Bolsonaro, que afirmava que governadores e prefeitos defendem o isolamento social para prejudicar e economia e, consequentemente, o governo federal.

Após uma série de conversas mais ríspidas, com o ministro inclusive colocando o cargo à disposição em uma discussão na sexta-feira (3), o presidente se reuniu com aliados e determinou a queda de Mandetta, o que acabou não acontecendo naquela semana. A maior pressão pela saída de Mandetta surgiu da chamada "ala ideológica" do governo, que tem como representantes os ministros Abraham Weintraub, da Educação, e Ernesto Araújo, das Releções Exteriores, além Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente.

 

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