O democrata Joe Biden foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos, ao derrotar o atual mandatário do país, o republicano Donald Trump, segundo apontam as projeções da contagem de votos. O que acontece agora?
O ex-vice-presidente não vai para a Casa Branca imediatamente — algumas coisas precisam acontecer primeiro.
Geralmente é um processo tranquilo, mas desta vez há complicações extras devido a prováveis contestações legais à eleição. Trump questiona a legalidade de votos enviados pelo correio, embora essa modalidade seja permita por lei no país, e afirma que observadores de seu partido não tiveram acesso a locais de votação, sem apresentar, porém, provas de suas acusações.
Quando Joe Biden se torna presidente?
Está escrito na Constituição dos Estados Unidos que o novo mandato começa no dia 20 de janeiro, ao meio-dia. A cerimônia de posse acontece na capital, Washington DC. Os novos presidente e vice-presidente prestam juramento de posse supervisionado pelo presidente da Suprema Corte.
Portanto, espere para ver Joe Biden e Kamala Harris empossados em 20 de janeiro de 2021.
Existem exceções a este calendário. Se um presidente morre no cargo ou renuncia, o vice-presidente é empossado o mais rápido possível.
Quanto dura a transição presidencial?
Este é o período entre o resultado da eleição e o início do novo mandato presidencial, em 20 de janeiro.
O novo presidente reúne um grupo chamado equipe de transição, que se prepara para assumir o poder imediatamente após a posse — e a equipe de Biden já lançou um site para a transição.
Eles escolherão pessoas para compor o gabinete, discutirão as prioridades das políticas e se prepararão para governar.
Os membros da equipe vão às agências federais para serem informados sobre temas como prazos, orçamentos e funções de alguns servidores.
Eles reúnem toda essa inteligência para os novos ocupantes e ainda se colocam à disposição para ajudar após a posse. Alguns deles podem permanecer trabalhando para o novo presidente.
Em 2016, o presidente Barack Obama conheceu seu sucessor Donald Trump e as fotos do Salão Oval demonstraram como havia pouco entusiasmo — e ainda existe — entre eles.
Joe Biden passou meses montando sua equipe de transição, levantando dinheiro para financiá-la e, na semana passada, lançou um site sobre o assunto.
Quais palavras ouviremos muito?
Presidente eleito: assim é chamado um candidato que vence a eleição, mas ainda não tomou posse como novo presidente em 20 de janeiro.
Gabinete: Joe Biden em breve começará a anunciar quem ele deseja em seu gabinete, que é a equipe principal no mais alto nível de governo. Inclui chefes de todos os principais departamentos (equivalentes aos ministérios no Brasil) e agências.
Audiência de confirmação: Muitos dos principais cargos do governo preenchidos pelo presidente requerem aprovação do Senado. As pessoas escolhidas por Biden são entrevistadas pelas comissões da casa em uma audiência, seguida por uma votação para aprovar ou rejeitar os nomes. Especialistas preevem dificuldades nesse aspecto, uma vez que projeções apontam que o Partido Republicano, opositor a Biden, manterá o controle do Senado.
Celtic: Como presidente eleito, Biden obtém maior proteção do Serviço Secreto e seu codinome é Celtic. Essas alcunhas são escolhidas pelo candidato. Trump era Mogul e Kamala Harris teria escolhido Pioneer.
Haverá desafios legais?
Bem provável. Trump sugeriu que desafiaria todos os "recentes Estados reivindicados por Biden", alegando fraude, mas não oferecendo nenhuma evidência para isso.
Sua campanha teria contratado os melhores advogados para liderar essa ofensiva.
Seus esforços para retirar alguns votos por correspondência começariam nos tribunais estaduais, mas poderiam terminar na Suprema Corte. No entanto, especialistas jurídicos sugeriram que as ações judiciais dificilmente conseguirão alterar os resultados.
Também está prevista a recontagem em alguns estados, solicitada pela campanha de Trump, mas não se espera que isso mude o resultado.
E se Trump não admitir derrota?
Análise de Anthony Zurcher, da BBC nos EUA
Donald Trump já havia dito que contestaria os resultados. Se seus esforços para fazer isso não tiverem sucesso, a pressão sobre ele para admitir publicamente a derrota aumentará. Mas ele precisa fazer isso?
O telefonema de concessão de um candidato derrotado para o vencedor é uma tradição respeitada da política americana. Não é de forma alguma obrigatória, no entanto.
Em 2018, por exemplo, a candidata democrata ao governo da Geórgia Stacey Abrams alegou fraude e intimidação eleitoral e nunca admitiu derrota a Brian Kemp, seu oponente republicano.
Isso nunca aconteceu em uma corrida presidencial moderna, no entanto. Mas, como na Geórgia, enquanto os resultados eleitorais forem processados e comprovados legalmente, a máquina do governo continuará a trabalhar, independentemente do que Trump possa fazer.
Embora Trump não precise admitir derrota, ou mesmo comparecer à posse de Biden, ele tem algumas obrigações legais. Ele deve autorizar sua administração a fazer os preparativos logísticos para a entrada da equipe de Biden. Isso é algo, de acordo com funcionários do Trump, que o presidente já fez.
Donald Trump ascendeu à presidência como um candidato não convencional, sem medo de quebrar normas e tradições há muito estabelecidas. Se ele quiser, também pode sair do escritório dessa forma.
O que Kamala Harris fará na transição?
Kamala Harris, a primeira mulher a ser vice-presidente, indicará sua equipe e aprenderá mais sobre o cargo com a gestão anterior.
Vice-presidentes trabalham na Ala Oeste da Casa Branca, mas não moram lá. É tradicional que vivam no terreno do Observatório Naval dos Estados Unidos, que fica no noroeste da cidade, a cerca de 10 minutos de carro da Casa Branca.
O marido de Harris, Doug Emhoff, é advogado que trabalha na indústria do entretenimento.
Ele tem dois filhos de seu primeiro casamento — Cole e Ella —, que Harris diz que se referem carinhosamente a ela como "Momala", um híbrido dos termos "mom" (mãe, em inglês) e Kamala.
Como é mudar para a Casa Branca?
Melhor hoje do que em 1800, quando o primeiro casal presidencial John e Abigail Adams se mudou e o prédio ainda estava inacabado.
É comum que um novo presidente e sua família precisem substituir a decoração ou os móveis devido ao uso e desgaste, então o Congresso reserva dinheiro para eles fazerem isso.
A residência conta com 132 quartos e 35 banheiros.
A primeira-dama Melania Trump, tendo trabalhado no mundo da moda, esteve à frente de várias reformas internas e se encarregou do pródigo evento de inauguração das decorações de Natal.