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Judeus criticam elo feito por padre entre mortes de covid e Holocausto

Movimento Judaico Apartidário se solidariza com óbitos, mas condena a comparação: ‘Não justifica em hipótese nenhuma’

07/03/2021 às 11h00
Por: admin Fonte: R7
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O MJA (Movimento Judaico Apartidário) criticou, neste domingo (7), a comparação feita pelo padre católico Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, entre as mortes por covid-19 no Brasil e o Holocausto. Lancelotti disse, em nota, que “o Brasil é uma câmara de gás a céu aberto”, o que foi veementemente condenado pelos judeus.

O Coordenador Executivo do MJA, Marcelo Knopfelmacher, se manifestou sobre comparação feita pelo padre e disse ser “inapropriada”.

O movimento destacou que a “triste disseminação desse vírus” e “as críticas às políticas sobre seu enfrentamento não justificam em hipótese nenhuma qualquer comparação com o Holocausto, em que mais de 6 milhões de pessoas foram mortas deliberadamente por ação de um regime totalitário e assassino, exclusivamente em razão de perseguição religiosa no que diz respeito aos judeus”.

Knopfelmacher afirmou ainda que “comparar essas duas situações incomparáveis é aviltar a memória das famílias das vítimas de uma perseguição sanguinária, assassina e de cunho preponderantemente religioso”.

Leia o comunicado do MJA na íntegra abaixo:

“São Paulo, 07 de março de 2021

A respeito da notícia de divulgação de carta pública comparando a triste situação vivida hoje no Brasil (que contabiliza 260.000 mortos por Covid-19) com campos de extermínio nazistas (“nos tornamos uma câmara de gás a céu aberto”), o Movimento Judaico Apartidário - MJA vem também a público condenar tal inapropriada comparação.

A triste disseminação desse vírus, que já vitimizou centenas de milhares de pessoas no Brasil e mais de dois milhões e meio de pessoas ao redor do mundo, bem como as críticas às políticas sobre seu enfrentamento não justificam em hipótese nenhuma qualquer comparação com o Holocausto, em que mais de 6 milhões de pessoas foram mortas deliberadamente por ação de um regime totalitário e assassino, exclusivamente em razão de perseguição religiosa no que diz respeito aos judeus.

Comparar essas duas situações incomparáveis é aviltar a memória das famílias das vítimas de uma perseguição sanguinária, assassina e de cunho preponderantemente religioso.

Por tais razões, a comunidade judaica brasileira, solidária às famílias das vítimas enlutadas por Covid-19, repudia qualquer comparação entre a pandemia e o Holocausto.

Movimento Judaico Apartidário - MJA
Marcelo Knopfelmacher
Coordenador Executivo”

Leia a carta aberta divulgada no sábado (6) pelos religiosos católicos:

“O Brasil grita por socorro.

Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil, junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.

Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio-ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder.

O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.

Nos tornamos uma “câmara de gás” a céu aberto.

O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.

Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização.

Vida acima de tudo!”

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