O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou, em seu discurso nesta quinta-feira (22), na Cúpula do Clima, os compromissos assumidos em carta enviada ao presidente norte-americano Joe Biden. Entre eles, o de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.
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Bolsonaro afirmou que o Brasil está na vanguarda do enfrentamento ambiental. Ele disse que o problema está na queima de combustíveis fosséis nos últimos anos e que o país contribuiu com menos de 3% das emissões de carbono anuais.
Ele disse também que o Brasil é pioneiro na difusão de combustíveis renováveis, como o etanol, que a geração de energia é uma das mais limpas do mundo. "Temos orgulho de preservar 84% do nosso bioma amazônico e 12% da água doce da Terra."
"Continuamos a colaborar com os esforços mundiais contra as mudanças no clima."
O presidente brasileiro prometeu redução de 37% nas emissões até 2025 e 43% até 2030. "Determinei que nossa neutralidade seja obtida até 2050."
Ele prometeu eliminar o desmatamento ilegal até 2030. "Com isso reduziremos em quase 50% nossas emissões até essa data."
Bolsonaro afirmou também que determinou o fortalecimento dos órgãos ambientas apesar da falta de recursos financeiros.
O brasileiro também destacou a importância da ajuda com recursos de outros países para que o Brasil consiga atingir seus objetivos. "Estamos, reitero, abertos à cooperação internacional."
O evento mundial marca o retorno dos Estados Unidos à primeira linha do combate às mudanças climáticas, depois de o governo de Donald Trump abandonar o Acordo de Paris sobre o clima.
A reunião acontece em meio a pressões internas e externas sobre a política ambiental brasileira e protestos contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na internet. ONGs e artistas pedem que os EUA não repassem recursos ao Brasil se o país não se comprometer com a questão climática.
Participam da reunião 40 mandatários, como Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Boris Johnson (Reino Unido) e Vladimir Putin (Rússia), entre outros.
Em seu discurso, Biden afirmou que até o fim da década os Estados Unidos pretendem cortar pela metade as emissões de carbono. "Nós devemos investir em energia limpa. Vamos nos unir por um futuro mais sustentável desde agora", afirmou. "Os cientistas nos dizem que essa década é decisiva para evitarmos problemas mais graves por causa do clima."
Segundo o presidente americano, pensar no clima é uma estratégia econômica, para tornar possível o desenvolvimento dos empregos do futuro.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou que é preciso união de todos os países porque o mundo está à beira do abismo.
O líder chinês Xi Jinping disse que seu país vai trabalhar ao lado dos Estados Unidos na busca da redução de emissões de carbono.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que a busca deve ser de todos os países e é preciso reduzir as emissões de carbono no mundo em 78%.
O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga falou que o país já investiu US$ 11 bilhões para eliminar o uso de carbono. "Descarbonização não é trabalho de uma só nação."
O Canadá prometeu reduzir suas emissões até 2030 em 40%.
A premiê alemã Angela Merkel comemorou o retorno dos Estados Unidos na busca da transformação ambiental após o governo de Donald Trump, que recusava o diálogo. De acordo com ela, a União Europeia será neutra em carbono em 2050, e até 2030 terá diminuído a quantidade em 55%, na comparação com os nível de 1990.
A presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, também agradeceu Biden por recolocar os EUA na discussão climática.
Em carta enviada ao presidente dos Estados Unidos no último dia 15, Bolsonaro admitiu a alta de desmatamento na Amazônia e prometeu eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030.
"Queremos reafirmar nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", acrescentou.
O desmatamento na floresta amazônica brasileira atingiu o pico dos úlitmos 12 anos em 2020, de acordo com dados oficiais do governo divulgados pelo sistema Prodes, que faz a medição por satélites.